terça-feira, 10 de novembro de 2015

ar da gente

a gente não durou nem um segundo
a gente não durou nem o segundo de perceber se gostava
a gente se esgotava
a
gente
gota a
gota
até não sobrar mais
nada

sobramos eu e você
isso basta?!

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Assim como quem sente


eu ando toda errada

Vinha andando um rapaz pela orla - olhou meu corpo. E eu seguindo a onda procurando um barquinho. Nem reparei. Parei logo depois, num banco. Não assim como quem senta. Assim como quem sente mesmo aquela fisgada na batata da perna esquerda. É, eu ando toda errada.

Ainda bem

Mas eu já lembrei. Graças.


Fazia tempo do meu pensar penar em você.
Pode ser vício.
Pode serviço algum prestar.
Mesmo assim, pensei.
Olhei a casa.
Na parede da sala tem uma moldura torta.
Pode ser o terremoto.
Pode ser... Sempre foi assim?
Fazia tempo do meu pensar lembrar o porquê não pensar em você.
Fazia.
Mas eu já lembrei.
Graças a Deus!

segunda-feira, 30 de março de 2015

Traga tudo para dentro do meu coração

traga tudo para dentro do meu coração


Ele estava sentado no consultório, com aquele olhar perdido que se encontra sempre em alguém.
O Dr. já ia sugerir ser uma virose, mas se lembrou de quando era jovem, e perguntou:

- é amor?

E, tirando o olhar perdido da janela, encarando os olhos do doutor, o rapaz respira fundo e reponde:

- é saudade.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Quem sabe

quantos são
- eu me pergunto -
nossos prantos?

se são vagos
se não muitos
se são claros
se vão turvos

quantas vidas
cabem num coração
daqueles dos mais
pequenininhos
até que a vida o mate
aos pouquinhos?

Daniel Aguiar

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Mais uma vez, ela


Ele estava cansado demais para perceber o sorriso. Ela cantava alguma coisa ali deitada no peito daquele rapaz. Capaz que o cansaço o deixasse surdo. Mudo, com certeza. Avessa ao silêncio ela cantava. Ele dormia. Ele acordava. Um casal que testava a paixão vivendo sempre apertados. O dia sempre longo enaltecia a chegada de toda noite que os unia. Em casa, ele dormia. Na rua ela sonhava. Sonhava tão distraída que de supetão aconteceu de um dia não acordar.

Ele estava cansado demais para perceber a própria tristeza.
Ela sorria porque achava engraçado conseguir se sentir tão cansada.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Esperando pra ca(n)sar


E ela estava lá sentada. Com aquele enfado de quem arrumou tudo, inclusive a casa, para agradar uma visita. Olhava pela janela segurando o coração (era o dela?). Os olhos corriam aquela padeço de papel com as letras de um alguém e o poema de Vinícius. Ela sempre achou bonito alguém falar dos olhos da amada. Certa vez achou que era um insulto dizer das “muitas eras nos olhos teu”.

- Onde já se viu chamar uma mulher de velha?


Ela estava ali sentada. Com a roupa nova e até a sobrancelha penteada. Ela estava ali. A casa estava agitada. Ela estava ali. Ela não fazia nada.

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